O plano para impulsionar a construção civil nos próximos dez anos, apresentado em São Paulo por entidades representativas do setor às três esferas de governo, propõe basicamente, no âmbito do Programa Compete Brasil, mudanças na área de planejamento e gestão, segurança jurídica, fonte de recursos, mão de obra, tributação e eficiência produtiva. Nesse sentido, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), de acordo com o que enunciam os seus dirigentes e para garantir a consecução dos objetivos visados, avalia como necessária a superação dos gargalos da respectiva cadeia produtiva.
Para o vice-presidente da Fiesp, José Carlos de Oliveira Lima, os financiamentos habitacionais concedidos pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, precisam oferecer condições que facilitem a realização dos investimentos, lembrando a propósito, como o fez nesta quarta-feira, durante a décima edição do Construbusiness: “Este ano, o setor da construção foi o que menos cresceu em comparação com os anos anteriores. Nós tivemos problemas de acomodação estrutural na área de habitação e infraestrutura. Houve um financiamento muito rápido. Tanto o governo quanto a iniciativa privada não estavam preparados para esse crescimento”.
A construção civil acumula, até o terceiro trimestre deste ano, crescimento de 2%. No ano passado, o setor cresceu 3,4%, segundo o último resultado das Contas Nacionais Trimestrais divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Destacando que parte do cresci¬mento do setor foi impulsionado pela oferta de crédito imobiliário por meio de programas do governo federal, como o Minha Casa, Minha Vida, o vice-presidente da Fiesp disse “acreditar que no ano que vem, só na cadeia produtiva da construção, nós vamos crescer 4,5%”.
De acordo com o Compete Brasil, aliás, a construção civil representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB) e é o quarto setor que mais emprega no País, estimando-se que a cada R$ 1 milhão gerado pe¬la construção, 70 pessoas são contratadas, conforme igualmente aponta a federação.
Isso realça sobremodo, como se há de reconhecer, os efeitos econô¬micos e sociais advindos da construção civil, seja no que diz respeito estritamente à produção de moradias e superação do déficit habitacional com que o País se defronta, seja, por outro lado, na geração de oportunidades de trabalho para atender à demanda atual e potencial.
Durante o evento, aliás, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, anunciou estarem sendo comemoradas justamente ontem a marca de 1 milhão de unidades entregues é de 2 milhões de contratos assinados, através do Minha Casa, Minha Vida. “São benefícios não só para a cadeia produtiva da construção, como para a geração de empregos e o incremento dos investimentos em saneamento básico” – disse o ministro, sem deixar de realçar ainda, como o fez, “a contribuição do setor ao enfrenta mento da atual crise econômica”.
Sob diversos aspectos o papel da construção civil, por sua própria natureza e pelos efeitos multiplicadores que lhe são inerentes, no conjunto das atividades econômicas, sobressaem e tornam oportuno o plano apresentado às autoridades, com vistas à supressão de gargalos da cadeia produtiva que em grau maior ou menor se contraponham à obtenção de níveis de crescimento razoavelmente compatíveis com as potencialidades existentes.